Arte da África
A arte africana
representa os usos e costumes das tribos africanas. O objeto de arte é
funcional e expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas
esculturas, a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores
étnicos, morais e religiosos. A escultura foi uma forma de arte muito utilizada
pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria prima.
Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade
de adquirir forças mágicas, as máscaras têm um significado místico e importante
na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. As máscaras são
confeccionadas em barro, marfim, metais, mas o material mais utilizado é a
madeira. Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são
modeladas em segredo na selva. Visitando os museus da Europa Ocidental é
possível conhecer o maior acervo da arte antiga africana no mundo.
História
As origens da
história da arte africana está situada muito antes da história registrada. A
arte africana em rocha no Saara, em Níger, conserva entalhes de 6000 anos.1 As
esculturas mais antigas conhecidas são dos Nok cultura da Nigéria, 500 d.C..
Junto com a África Subsariana, as artes culturais das tribos ocidentais,
artefatos do Egito antigo, e artesanatos indígenas do sul também contribuíram
grandemente para a arte africana. Muitas vezes, representando a abundância da
natureza circundante, a arte foi muitas vezes interpretações abstratas de
animais, vida vegetal, ou desenhos naturais e formas.
Métodos mais
complexos de produção de arte foram desenvolvidos na África Subsaariana, por
volta do século X, alguns dos mais notáveis avanços incluem o trabalho de
bronze do Igbo Ukwu e a terracota e trabalhos em metal de Ife|Ile Ife fundição
em bronze e , muitas vezes ornamentados com marfim e pedras preciosas,
tornou-se altamente prestigiado, em grande parte da África Ocidental, às vezes
sendo limitado ao trabalho dos artesãos e identificado com a Família
real|realeza, como aconteceu com os Bronzes do Benim.
Arte africana na
atualidade
Muitas das
chamadas artes tradicionais da África estão sendo ainda trabalhadas, entalhadas
e usadas dentro de contextos tradicionais. Mas, como em todos os períodos da
arte, importantes inovações também têm sido assimiladas, havendo uma
coexistência dos estilos e modos de expressão já estabelecidos com essas
inovações que surgem. Nos últimos anos, com o desenvolvimento dos transportes e
das comunicações dentro do continente, um grande número de formas de arte tem
sido disseminado por entre as diversas culturas africanas.A arte Africana tem
uma coisa interessante. Você pode achar semelhança entre dois países sem eles
se assemelharem.
Além das próprias
influências africanas, algumas mudanças têm sua origem em outras civilizações.
Por exemplo, a arquitetura e as formas islâmicas podem ser vistas hoje em
algumas regiões da Nigéria, em Mali, Burkina Faso e Niger. Alguns desenhos e
pinturas do leste indiano têm bastante similaridade em suas formas com as
esculturas e máscaras de artistas dos povos Dibibio e Efik que se estabelecem
ao sul da Nigéria. Temas cristãos também tem sido observados nos trabalhos de
artistas contemporâneos, principalmente em igrejas e catedrais africanas. Vê-se
ainda na África, nos últimos anos, um desenvolvimento de formas e estruturas
ocidentais modernas, como bancos, estabelecimentos comerciais e sedes
governamentais.
Os turistas
também tem sido responsáveis por uma nova demanda das artes, particularmente
por máscaras decorativas e esculturas africanas feitas de marfim e ébano. O
desenvolvimento das escolas de arte e arquitetura em cidades africanas, tem
incentivado os artistas a trabalhar com novos meios, tais como cimento, óleo,
pedras, alumínio, com uma utilização de diferentes cores e desenhos. Ashira
Olatunde da Nigéria e Nicholas Mukomberanwa de Zimbábue estão entre os maiores
patrocinadores desse novo tipo de arte na África.
As formas de arte
africana
A pintura é
empregada na decoração das paredes dos palácios reais, celeiros, das choupas
sagradas. Seus motivos, muito variados, vão desde formas essencialmente
geométricas até a reprodução de cenas de caça e guerra. Serve também para o
acabamento das máscaras e para os adornos corporais. A mais importante
manifestação da arte africana é, porém, a escultura. A madeira é um dos
materiais preferidos. Ao trabalhá-la, o escultor associa outras técnicas
(cestaria, pintura, colagem de tecidos).
As máscaras
africanas
Mascara Gelede do
Benin no Brasil.
As
"máscaras" são as formas mais conhecidas da plástica africana.
Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados se convertendo em
expressões da vontade criadora do africano.
Foram os objetos
que mais impressionaram os povos europeus desde as primeiras exposições em
museus do Velho Mundo, através de milhares de peças saqueadas do patrimônio
cultural da África, embora sem reconhecimento de seu significado simbólico.
A máscara
transforma o corpo do bailarino que conserva sua individualidade e, servindo-se
dele como se fosse um suporte vivo e animado, encarna a outro ser; gênio,
animal mítico que é representando assim momentaneamente. Uma máscara é um ser
que protege quem a carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de
um ser humano ou de um animal, no momento de sua morte. A energia captada na
máscara é controlada e posteriormente redistribuída em benefício da
coletividade. Como exemplo dessas máscaras destacamos as Epa e as Gueledeé ou
Gelede .
Arte e religião
As civilizações
africanas tem uma visão holística e simbólica da vida. Cada indivíduo é parte
de um todo, ligados, todos em função do cosmos em uma eterna busca pela
harmonia e de equilíbrio. Outro conceito fundamental na filosofia da existência
africana é a importância do grupo, para que a comunidade viva, cada fiel deve
participar seguindo o papel que lhe pertence em nível espiritual e terreno.
Principais
religiões
As únicas
religiões que tem relação com a arte africana no Brasil, são o Candomblé, e o
Culto aos Egungun efetivamente de origem africana.
O Culto de Ifá em
menor número no Brasil é o maior responsável pela divulgação da Yoruba Art em
todo mundo, Estados Unidos, Cuba, Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, são os
países onde o maior número de peças podem ser encontradas, em museus e coleções
particulares.
Literatura
Africana-Dança Na dança africana, cada parte do corpo movimenta-se com um ritmo
diferente. Os pés seguem a base musical, acompanhados pelos braços que
equilibram o balanço dos pés. O corpo pode ser comparado a uma orquestra que,
tocando vários instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia. Outra
característica fundamental é o policentrismo que indica a existência no corpo e
na música de vários centros energéticos, assim como acontece no cosmo. A dança
africana é um texto formado por várias camadas de sentidos. Esta
dimensionalidade é entendida como a possibilidade de exprimir através e para
todos os sentidos. No momento que a sacerdotisa dança para Oxum, ela está
criando a água doce não só através do movimento, mas através de todo o aparelho
sensorial. A memória é o aspeto ontológico da estética africana. É a memória da
tradição, da ancestralidade e do antigo equilíbrio da natureza, da época na
qual não existiam diferenças, nem separação entre o mundo dos seres humanos e
os dos deuses.
A repetição do
padrão-musical manifesta a energia que os fieis estão invocando. A repetição
dos movimentos produz o efeito de transe que leva ao encontro com a divindade,
muito usado em rituais. O mesmo ato ou gesto é praticado num número infinito de
vezes, para dar à ação um caráter de atemporalidade, de continuação e de
criação continua. Nas danças africanas o contato contínuo dos pés nus com a
terra é fundamental para absorver as energias que deste lugar se propagam e
para enfatizar a vida que tem que ser vivida agora e neste lugar, ao contrario
das danças ocidentais performadas sobre as pontas a testemunhar a vontade de
deixar este mundo para alcançar um outro. Existem várias danças. Entre elas
destacam-se: lundu, batuque, Ijexá, capoeira, Coco (dança) congadas e jongo.
Tipos de Danças
Africanas mais comuns:
Kizomba Ritmo
quente, originário de Angola, não pára de conquistar cada vez mais praticantes.
É uma das danças sempre tocadas nas discotecas, não só africanas. Quente,
suave, apaixonante… Vários estilos, técnicas, influencias. Toda variedade e
diversidade de Kizomba.
Samba É uma dança
de salão angolana urbana. Dançada a pares, com passadas distintas dos cavalheiros,
seguidas pelas damas em passos totalmente largos onde o malabarismo dos
cavalheiros conta muito a nível de improvisação. O Semba caracteriza-se como
uma dança de passadas. Não é ritual nem guerreira, mas sim dança de
divertimento principalmente em festas, dançada ao som do Semba.
Danças
Caboverdianas Toda a variedade de ritmos originários de Cabo Verde: Funána,
Mazurka, Morna, Coladera, Batuque.
Danças Tribais
Uma forte característica trazida para o Estilo Tribal das danças tribais é a
coletividade. Não há performances solo no Estilo Tribal. As bailarinas, como
numa tribo, celebram a vida e a dança em grupo. Dentre as várias disposições
cênicas do Estilo Tribal estão a roda e a meia lua. No grande círculo, as
bailarinas têm a oportunidade de se comunicarem visualmente, de dançarem umas
para as outras, de manterem o vínculo que as une como trupe. Da meia lua,
surgem duetos, trios, quartetos, pequenos grupos que se destacam para levar até
o público esta interatividade.
Esculturas
Esculturas em
madeira
A escultura em
madeira é a fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às
divindades, podendo ser cabeças de animais, figuras alusivas a acontecimentos,
fatos circunstanciais pessoais que o homem coloca frente às forças. Existem
também objetos que denotam poder, como insígnias, espadas e lanças com ricas
esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre denotando um motivo
alusivo à figura dos dignitários. Os utensílios de uso cotidiano, portas e
portais para suas casas, cadeiras e utensílios diversos sempre repetindo os
mesmo desenhos estilísticos. Contendo também esculturas de mulheres com seus
filhos representando a fertilidade.
Esculturas em outros
materiais
Além das
esculturas em madeira existem os objetos confeccionados com fragmentos de vidro
(apesar de estes serem raros) das mais variadas cores, colocados em gorros,
possuindo uma gama de figuras humanas e de animais, feitas com fio de algodão
que passam por todo o tecido, colocados sempre em combinação vertical. As
pedras podem ser alternadas por Cowrys, canudilhos metálicos ou de seda e
algodão.
Neide da Costa
tecelã do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, Salvador, Bahia.
Os tecidos são
lisos ou estampados, os bordados são rebordados com linhas e com pedras de
vidro. Confeccionam roupas longas e gorros. A inventividade do bordado com
pedras de vidro está muito espalhada nas populações da República da Nigéria. Os
suportes para abanos, crinas e rabos de animais, também decoram com pedras de vidro,
canudilhos e cauris.
Os tecidos e o
vestuário chegaram a um desenvolvimento plástico considerável em zona de
cultura urbana, assimilando muitos elementos da indumentária islâmica e outros
introduzidos pelos europeus colonialistas. O tear horizontal, permitiu a
confecção variada de tiras que posteriormente se juntam longitudinalmente para
formar tecidos maiores. Deste tipo de confecção o mais característico é o
chamado Kente, entre os Ashanti. Ainda entre estes tecidos está o estampado
chamado Denkira, com figuras diferentes que se combinam para estruturar um
desenho ou determinar um motivo fundamental. Os desenhos são imersos em uma
tintura vegetal e impressos em tecido branco estendido em uma almofada.
O Alaká africano,
conhecido como pano da costa no Brasil é produzido por tecelãs do terreiro de
Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, no espaço chamado de Casa do Alaká.
Materiais usados
Ferro
O ferro é
utilizado a partir de uma prancha fundida mediante pressão e calor. São
confeccionados muitos atributos em várias formas pelos Abomei, de quem é a
imagem da entidade Gu, dono do ferro representado por uma figura antropomorfa.
Com a mesma técnica são encontrados vários atributos a variadas entidades e
também vários instrumentos musicais.
Nestas, os
detalhes da figura humana estão um pouco resumidos, destacando algumas marcas
regionais, e nisto, assim como nas proporções gerais, diferem das de Ifé, nas
que se percebe a procura dos modelos anatômicos, como se fossem retratos,
dentro de um tamanho menor. As cabeças de bronze apresentam variedades de
caracteres faciais, presos em detalhes sutis que permitem apreciar diferentes
expressões nos rostos e até incluem algumas deformações anatômicas.
Influência
africana
No dia 28 de
Outubro de 1846, o Presidente da República Joaquin Suárez, aboliu a escravidão
no Uruguai num processo que começou em 1825. Com a abolição da escravidão, os
rituais de dança africanos foram descritos em alguns documentos em Montevideo e
no campo, que ficaram conhecidos como Tangós.
O tango se
desenvolveu simultaneamente em Montevideo e em Buenos Aires. Tradicionalmente
considera-se uma criação de imigrantes italianos e espanhóis, os conhecedores
opinam que a dança e a música africana influenciaram profundamente a música e
os movimentos da dança que se associam com o tango.
Picasso e a
África
Pablo Picasso
(1881-1973), mesmo nunca tendo ido a África, produzia obras com máscaras e
estátuas que ele tinha com ele enquanto trabalhava. Picasso dizia que o
"vírus" da arte africana o tinha contagiado.
Outros artistas
modernos e a arte africana
Além de Pablo
Picasso (1881-1973), diversos outros artistas ocidentais do século XX também
assimilaram criativamente a influência da arte africana, permitindo que ela
renovasse seus próprios meios de expressão. Um desses artistas foi Henri
Matisse. Conforme registra José D'Assunção Barros em um artigo sobre As
influências da Arte Africana na Arte Moderna, o diálogo com as variadas formas
africanas de expressar e representar o mundo e as expectativas sobrenaturais
aparece bastante em uma parte relevante da produção matissiana, que se
desenvolve paralelamente àquela pintura que o celebrizou, e que se caracteriza
essencialmente pelas cores fortes e puras. O autor se refere, neste caso, à
escultura de Matisse, que nem sempre é tão lembrada como sua arte pictórica,
mas que ocupa certamente um lugar singular na história da arte ocidental. A
escultura matissiana é especialmente inspirada na estatuária africana –
particularmente a partir de algumas peças que o artista francês adquirira em
1906 – e revela-se aí um dos gêneros através dos quais as diversas formas de
expressão africanas puderam penetrar mais decisivamente na arte moderna, além
daquele outro gênero que incidiu mais diretamente sobre a pintura cubista de
Pablo Picasso, e que foi a arte das máscaras ritualísticas.
Fonte: Wikipédia.